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terça-feira, 22 de maio de 2012

Apego às ilusões


A propaganda é a alma do negócio; e a política tornou-se um negócio, dos mais lucrativos. Basta juntar os pontos para imaginar no que dá: políticos estão vendendo peixes imaginários por um preço absurdo. E, por obra de uma sem igual persuasão (ou “lábia”, no popular), praticamente sempre têm seus clientes satisfeitos. Esses clientes são os eleitores, o povo, um personagem de consciência estranha, que entra na cena elogiando os peixes que nunca teve a oportunidade de pôr na boca ou, quando teve, foi resto de peixe que pôs.
Mas deixemos os peixes de lado, caso contrário é possível que abandonem a leitura por um súbito desejo de ir comer.
Grande parte dos “nossos” partidos políticos, senão todos, estão mais interessados no poder para fins particulares, visando apoderar-se de cargos na grande máquina pública, visando abocanhar uma fatia do dinheiro que deveria beneficiar a população.  História conhecida, já. Eles não têm uma ideologia, um projeto relevante para a nação. Apenas duram por lá, em todas as esferas do Poder.
Repetem o de sempre; apenas mudam o nome e, então, o “de sempre” está novo.  O único plano de longo prazo é...  Usar paliativos que saem mais caro, e desastrosos, do que uma solução definitiva. Então, para alegrar a plateia – que paga ingressos caros – já um pouco cansada da monotonia, eles fazem alguns espetáculos: Copa do Mundo, Olimpíadas; obras que terminam com custos incrivelmente superiores aos do orçamento inicial. Ainda bem que os brasileiros são pessoas que não costumam ver maldade nesse tipo de coisa, pois apenas iriam atrapalhar o árduo trabalho dos políticos nessa contabilização fantasmagórica.
A oposição está sumindo. Sumindo. Os cargos públicos, as pastas estão aumentando, então já é possível alojar muita gente aqui e ali. Dar um agradinho para todos.  Não há motivos, assim, para brigas, senão quando a divisão está mal feita, pois ninguém pode ficar sem mamar dessa grande mãe, o Brasil. Mãe de uma minoria.
Sobram alguns políticos que não conseguem nada, que têm que gritar alto para serem ouvidos. Mas ficam parecendo loucos, ninguém dá ouvido.
Diante de tamanho espetáculo, começo a imaginar que os ideais, os projetos não valem mais nada. Contrate um bom marqueteiro e comece a vender terrenos na lua, pode ser uma boa ideia.
A situação muda, é claro, quando é o seu partido. Incorruptível, longe de qualquer improbidade, ele não suja as mãos. É um estranho no meio de urubus. Quando todas as provas apontam contra ele, não é mais do que um complô da oposição. O problema são os outros.
Ninguém mais se pergunta se há justificativa para acreditar em alguma coisa? Se se pergunta, vai a fundo ou para onde for agradável?

domingo, 20 de maio de 2012

Crise cultural e a Americanização

É evidente que estamos rodeados de marcas, produtos, músicas e filmes americanos, mas não sabemos ao menos por que temos todas essas influências. Crescendo neste mundo assistindo desenhos e animações da Walt Disney, Dream Works, MARVEL, DC e  Pixar, assistimos a filmes dos estudios de Hollywood e a séries, nos vestimos com roupas Levi's, Hollister e Aeropostale e assim por mais além. O que não levamos em conta é que muitos países estão aderindo de forma fácil a essa "americanização" perdendo assim a sua cultura, que por vez é a sua identidade. Desde pequenos somos influenciados pela cultura "estadunidense"   (Me perdoem o fato de detestar o termo "americano" para designar uma naturalidade de quem mora no Estados Unidos, pois todos nós que vivemos na América também somos americanos) porque nos espelhamos muito no modo de vida das pessoas, principalmente jovens, que tem condições para consumir, no poder econômico que tem sobre o mundo, na fama repentina e também na tecnologia. Mas quiçá o objetivo dessa influência seja uma forma de impedir o avanço do comunismo?! Até agora não se sabe nada, mas estamos perdendo bastante quando abandonamos de vez a nossa cultura.

Disputa entre dois "Mundo".
A maioria dessas marcas é dos USA, símbolos da hegemonia "americana"

Schwarzenegger, o austríaco "americano"

Tio Sam de olho no mundo e do petróleo.



Este vídeo abaixo mostra um pouco deste processo no mundo e mostra também que a língua inglesa se tornou uma grande influência para as pessoas, principalmente no modo de vida.


Lembrando a todos que a banda Rammstein é alemã e neste clipe faz uma crítica a esta Americanização do mundo.

terça-feira, 15 de maio de 2012

Subversões



Escritores (jornalistas, romancistas, poetas) são, antes de tudo, homens com vísceras. Uma má alimentação pode bastar para que não vejam o mundo da mesma forma. Assim, talvez, até sapos possam ser mais objetivos do que qualquer escritor. Mas não é nesse ponto em que pretendo chegar, nem mesmo quero condenar esse ofício - do qual também faço parte.
Nenhuma conduta está imune de julgamento. Não há deuses. Quaisquer instituições, organizações, são regidas por homens; sendo assim, estão suscetíveis aos males da carne: ilusão, corrupção, fracasso. Entretanto, atendo-me aos meios informativos, a solução não está em os abandonarmos de maneira generalizada. Mas,sim, em não idealizá-los; nem podemos nos limitarmos a uma determinada capa onde alguém escolheu o que deveria ou não estar ali. Temos que aprender a sermos mais afiados em nossos julgamentos. Enxergar além da máscara. Tarefa árdua.



O poder da manipulação, ou duplipensamento.

Salta à minha cabeça uma questão desenhada por George Orwell, no livro "1984". Qual a natureza da verdade? Existe algo que se possa denominar "verdade"? Existe, à primeira vista, uma forte ligação entre a realidade mostrada no livro e a realidade de governos socialistas na Rússia e China, por exemplo, que dispensavam qualquer valor objetivo à verdade. Mas não devemos, necessariamente, nos limitarmos a essa ligação. Os países industriais do Ocidente também poderiam se encaixar nesse contexto, embora num ritmo menos drástico. "A realidade", diz o partido dominante, "não é externa. A realidade existe na mente humana e em nenhum outro lugar (...) Tudo o que o partido reconhece como a verdade é a verdade." O torturador membro do partido afirma, sem cerimônias: "O poder não é um meio; é um fim. E poder significa capacidade de infligir dor e sofrimentos ilimitados a outro ser humano." E a consequência desse poder é criar a realidade que desejam, ao bel-prazer. Percebe-se então que Orwell retrata uma forma extrema de pragmatismo na qual a verdade passa a subordinar-se ao partido. 
Em nossa sociedade capitalista, um pouco mais diferente da mostrada no livro, também temos nossa dosagem de duplipensamento cotidiano. Mas antes de comentar a respeito, aqui está a definição do duplipensamento: "Significa a capacidade de abrigar simultaneamente na cabeça duas crenças contraditórias, e acreditar em ambas (...) Esse processo precisa ser consciente, ou não seria conduzido com a necessária precisão, mas também precisa ser inconsciente, do contrário traria consigo um sentimento de falsidade e, portanto, de culpa." Voltemos ao comentário, então. Em nossa sociedade, se trabalho para uma grande corporação que diz possuir o melhor produto, melhor do que o produto da concorrência, não é relevante, normalmente, questionar se há justificativas para defender isso. Simplesmente, aceitamos. É nosso emprego. Mas, se mudo de trabalho, vou a outro corporação, começo a então defender esses outros produtos, que eram "meus" concorrentes, como melhores - e, subjetivamente, essa verdade será tão verdadeira quanto a anterior. "Um dos desenvolvimentos mais característicos e destrutivos de nossa sociedade é o fato de que o homem, ao se tornar cada vez mais um instrumento, transforma a realidade, progressivamente, em algo relacionado a seus interesses e funções. 

Imagens como produto.

Quando caminhamos por uma rua, em centros urbanos, encontramos uma saraivada de anúncios, imagens. Nenhum deles está essencialmente interessado em ensinar algo útil. Os anúncios, imagens e congêneres apenas estão nos querendo vender algum produto na maioria dos casos. Cada vez mais nos identificamos com essa cultura. Para sermos indivíduos dentro da sociedade, assimilamos a cultura (produto) que nos vendem e outros compram. Quando vai chegar a hora de perguntarmos, não apenas em casos isolados, se estamos indo no caminho certo para uma vida saudável?
Na teoria, vivemos em uma democracia em que somos livres. Mas não devemos aceitar isso como uma verdade absoluta, pois, para existir uma democracia realmente digna, temos que estar sempre zelando por ela. Acontece que, constantemente, estamos desviando o olhar para o supérfluo que nos oferecem - que incluo carnavais, copas do mundo, olimpíadas, também -, quando deveríamos sempre estar atentos ao que conseguimos (ainda que não como queríamos) com tanto suor: nossa liberdade.  
Se continuarmos a omitir - porque estamos ocupados demais com as trivialidades cotidianas - os males que acontecem na política, na sociedade, estaremos no caminho certo para repetir o passado, em que sempre alguns mais interessados conseguem ganhar privilégios em detrimento de outros.
Jornalistas, romancistas, poetas, políticos, entre outros, são propagandistas de suas "crenças". Cabe a nós nos informarmos de maneira honesta. "Olho vivo, faro fino (...) Olhos atentos a todo movimento: é preciso duvidar", ouço agora, tocando no rádio.

sexta-feira, 11 de maio de 2012

A mitologia marxista de Enver Hoxha

Albânia, a Utopia de Hoxha

         Albânia é atualmente um país europeu com um dos menores PIB do continente, perdendo apenas para a Angola. No passado o país sofreu com constantes invasões, principalmente a dos turcos-otomanas que impôs o islamismo ao país, perdurando por aproximadamente 400 anos até a chegada das invasões italianas e francesas durante a primeira guerra mundial e inclusive no período em que houve as revoluções fascistas. Com o surgimento de um reinado no país, houve avanços tecnológicos e muitos investimentos no exército do país.


Com o fim da grande primeira guerra o lider comunista albanês Enver Hoxha entrou no poder e deu início ao seu plano de implantar o Marxismo, fazendo com que agora o país ganhasse apoio dos soviéticos. Na Albânia comunista houve muitas reformas desde a criação de um exército oficialmente albanês, industrialização do país, revolução artística, moda, reformas políticas e transmições radiofônicas, onde pudessem ser feitas propagandas do governo. Durante esse periodo o país avançou muito, mas tornou-se totalmente fechado para o ocidente, onde os habitantes eram proibidos de cultuar as culturas, as tradições e as modas ocidentais ( Muitos dos artistas que tinham influências ocidentais foram presos e exilados, a moda foi totalmente remodelada pelo estado, os sinais de TV da RAI italiana eram blonqueados e também a literatura sofreu forte impácto. ), as pessoas que eram contra o governo foram assassinadas e a economia se restringiu apenas à vizinha Iuguslávia e à URSS. Durante a 2ª grande guerra, a antiga aliada da Albânia, a Itália fascista, se volta contra o país e dá total apoio a União Soviética para invadir o país fazendo com que surgisse o atual ódio entre esses países até hoje. Todavia havia um clima de constante caos nas relações dos albaneses com os soviéticos fazendo com que o país fosse excomungado. A partir de então a Albânia torna-se um estado isolado do resto do mundo ( Aliado a ninguem ), fazendo com que país entrasse em uma forte crise econômica e conseguisse aliá-se com a China comunista. Durante todo o mandato de Hoxha houve inclusive uma revolução ateia, ou seja, igrejas, templos, livros sagrados e religiosos foram reprimidos fazendo do país o primeiro estado ateu do mundo, enquanto isso o Marxismo tornara-se um tipo de "religião" onde quem era adorado pelo povo era o próprio Enver Hoxha. Por mais que o país fosse isolado do resto do mundo, tanto o cinema quanto mídia artística era influenciada pela cultura italiana, onde havia diversas tentativas de bloquear os sinais dessas emissoras radiotelevisivas e impor transmições de radiodifusão de propagandas políticas e trabalho de artistas aliados ao próprio estado albanês. Na década de 80 o país estava afogado em crise com a morte de seu líder e, em homenagem a ele, foi construído uma grande estátua na cidade de Tirana, atual capital do país. O modelo de marxismo de Hoxha transformou a Albania num enorme caos, fazendo com que gerasse muitas revoltas culminando na derrubada da grande estátua e na transição forçada ao capitalismo e à democracia. Atualmente a Albânia é um país pobre no continente europeu, mas tenhamos esperança que esta nação tenha aprendido com os erros do passado e esteja seguindo pelo caminho da democracia e da liberdade de expressão.

terça-feira, 8 de maio de 2012

O poder do "putinismo"


A realidade da Rússia, com o reempossamento de Vladmir Putin à presidência, nos faz retomar algumas questões. Desde o governo de Mikhail Gorbachev - que, enquanto governante, mostrou forte inclinação para uma reforma política, pretendendo implantar um modelo social-democrático dentro da ainda União Soviética -, a Rússia não tem mostrado muitos avanços, nesse sentido, há uns 20 anos. Acontece que, agora, o troca-troca entre Putin e seu apadrinhado político, Dmitri Medvedev, começa a chamar atenção de uma pequena parcela mais esclarecida da população.
Após quatro anos servindo como premiê do aliado Medvedev, o "pai da nação" volta para o lugar que tanto tem guardado para si. As figuras de alto escalão convidadas para sua posse como presidente, nessa segunda-feira, dia 7, têm peso simbólico: Gerhard Schröder, Silvio Berlusconi, Alexander Lukachenko, Nursultan Nazarbaiev, Viktor Yanukovitch.  
Putin venceu a eleição presidencial de 4 de março com 64% dos votos, porém sua vitória foi precedida por protestos em massa como não se viam na Rússia há 20 anos. A quantidade de pessoas não é certa, mudando dependendo da fonte; mas presume-se que, somente na capital, dezenas de milhares foram às ruas para se manifestar contra as irregularidades, possíveis fraudes, durante as recentes eleições parlamentares. Mais tarde, os protestos se voltaram cada vez mais contra Putin, pessoalmente.
A situação política do país não é um mar de flores. Somando o mandato anterior de Vladmir Putin, a Rússia já está há doze anos sob o domínio do "putinismo". Ou seja, se conseguir terminar o mandato recém-iniciado, já estará batendo o tempo de permanência do líder soviético Joseph Stálin. Digamos que não seja característica muito apropriada, para quem vem prometendo avanços na democracia, essa sede de poder. Mas nada tão distante de piorar, é claro.  Com as alterações de leis já vigentes, mudando o tempo de mandato de 4 para 6 anos, é possível que ele permaneça até 2024.
Ainda há poucos meses, Dmitri Medvedev anunciara reformas liberais. O parlamento nacional implementou parte delas. Assim, por exemplo, ficou mais fácil fundar partidos políticos. Além disso, voltaram a ser adotadas as eleições para governador, eliminadas por Putin. "Não se trata do início de uma nova era, mas de um pequeno passo na direção certa", analisou o especialista em assuntos russos Hanns-Henning Schröder. No entanto, ele parte do princípio que as reformas serão aplicadas de modo a deixar intocado o poder de Putin.
As denúncias contra o atual presidente não são poucas. Seu antigo colaborador, Sergei Kolesnikov, relatou um grande esquema envolvendo Vladmir Putin, quando este ainda era apenas premiê. Segundo ele, foram feitos vários desvios comandados por Putin, destinados a empresas offshore e, inclusive, a um palácio suntuoso com todas as pompas de um czar, em uma montanha densamente arborizada com vista para a costa do Mar Negro na Rússia. Kolesnikov fez a denúncia diretamente a Medvedev por meio de carta, mas não obteve qualquer resposta.
Diante de um amontoado de políticas funestas, uma coisa salta à cabeça: "A democracia deve ser (re)pensada!" Algumas nações do leste europeu ainda não procuraram estabelecer uma democracia em seus Estados. Cabe indagar o porquê do ostracismo diante de tamanha falta de respeito que os políticos vêm praticando, com seus excessivos (abusos de) poderes. Apesar de acontecer protestos na Rússia, por exemplo, ainda são relativamente pequenos. O Brasil, embora viva numa situação um tanto diferente, é também um exemplo dessa falta de iniciativa diante de políticas aviltantes. Grande parte da população continua vivendo suas vidas como se tudo não passasse de uma quimera; a parte mais indignada é justamente a que teve oportunidade de crescer e se esclarecer; no caso da Rússia, uma nova classe média. Faz-se importante, assim, um grito para que todos abandonem as propagandas políticas enganosas e se atenham à realidade que se impõe em nossa frente, enquanto estamos olhando para o lado. As pessoas se esquecem de que Putins são responsáveis pela qualidade de vida que levamos e, sobretudo, não são alheios à nossa força, ao nosso ataque.